SOBRE

O ACERVO WALTER DA SILVEIRA

Na tarde ensolarada de 16 de setembro de 2015, a ABI – Associação Bahiana de Imprensa recebeu Eliana da Silveira Aguiar, Paulo Ivan da Silveira, Diana da Silveira, Marcia da Silveira Tavares, Katia da Silveira Andrade, Danilo da Silveira Andrade e Tania Mara da Silveira, para consumar a doação do acervo do pai, que os deixou antes de conhecer os netos como Paulo Ivan – íntimo da obra quase como se tivesse convivido com o autor-avô que partira 15 anos antes dele nascer. 

Casa cheia de alegria e de figuras representativas do audiovisual baiano, contemporâneos e admiradores do “pai-doutor” de Glauber, referência para tanta gente que fez e faz cinema.  

Guido Araújo e Roque Araújo, representando quem ali testemunhou o ato que formalizou a transferência para o Museu de Imprensa da ABI, de tudo que estava no escritório do mestre, no antigo apartamento da família Silveira, no bairro da Graça. 

E o testemunho especial de Márcia Nunes Costa, que aproximou a família da ABI quando os herdeiros se consumiam no dilema sobre o destino a ser dado ao volume considerável de livros, fotos e documentos acumulados pelo pai. Márcia conheceu o trabalho de preservação da memória desenvolvido pela ABI na inauguração da Sala Roberto Pires – uma cabine de projeção para 25 lugares, na sede da entidade. O gesto simples de aproximar pessoas e criar oportunidades. A Márcia, nossa gratidão e reconhecimento. 

Ao receber o acervo, a ABI assumiu a missão de restaurar e compartilhar como tributo a uma vida tão breve quanto intensa na produção intelectual de um homem dedicado ao cinema baiano e brasileiro. Investir na guarda e conservação de acervos só faz sentido se, além de preservados e organizados, eles forem acessíveis. 

O êxito deste projeto, materializado no ambiente virtual, se deve, portanto, ao trabalho da equipe do Laboratório de Restauro e Conservação da ABI, coordenado pela museóloga Renata Ramos e pela restauradora Marilene Rosa. O resultado da dedicação e a persistência delas é, literalmente, alegra-nos ressaltar, palpável. 

A curadoria trabalhou sobre aproximadamente dez por cento do total estimado em mais de cinco mil itens doados pela família – a terça parte já criteriosamente desinfectada, restaurada e inserida nos acervos do Museu de Imprensa e da Biblioteca de Comunicação Jorge Calmon. 

Produto do projeto assinado por Renata, o site foi viabilizado com apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), por meio do Programa Aldir Blanc Bahia, via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal. 

Com este site, a ABI inaugura uma política de acesso ao seu conjunto de acervos, do qual a seção dedicada a Walter da Silveira já era um dos principais destaques, antes mesmo da doação. Nesta primeira iniciativa de compartilhamento pela internet, foram disponibilizados 320 arquivos, organizados em dois conjuntos documentais bastante significativos: a coleção de fotografias do cinema brasileiro, reunidas pelo crítico, e sua correspondência, que delineia a rede do cinema moderno brasileiro. 

Três nomes desta rede aparecem como remetentes e destinatários de uma intensa troca de correspondências com Walter. O compartilhamento dessas preciosidades somente foi possível com as autorizações das famílias de Glauber Rocha, Alex Viany e Paulo Emílio Sales Gomes. A estas famílias, a nossa gratidão e o desejo de manter os acervos em diálogo constante, como era entre eles. 

O fundador do Clube de Cinema da Bahia, que renovou as referências de gerações, é também o autor incontornável para se entender o processo de renovação cultural e cinematográfica em nosso país. A sua contribuição (crítica, histórica e militante) construiu bases de interação do cinema feito na Bahia com o que havia de mais avançado no mundo, entre as décadas de 1950 e 1970. 

Os depoimentos de quem o conheceu no Clube de Cinema, de quem conviveu com ele e compartilhou a ousadia de fazer cinema numa província e naquela época, só aumentam a expectativa do que está por vir. 

A ABI dará continuidade aos trabalhos necessários para disponibilizar a totalidade do rico acervo Walter da Silveira, gesto fundamental para a sua democratização, já que assegura o acesso a fontes preciosas de informações sobre o cinema e a cultura brasileira.

 

Viva Walter da Silveira! Viva o Cinema Brasileiro!!!

Quem é quem:

Coordenadora de Acervo:
Renata Ramos

Museóloga da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), responsável pelo projeto de conservação da documentação arquivística e do acervo museológico do Memorial Kisimbiê. Presta consultoria como Museóloga no Memorial Kisimbiê. Atua na área de conservação e restauração documental. Experiência nas Áreas de coordenação de projetos de conservação e restauração de documentos com suporte em papel; vivência na área de inventário de acervos museológicos, conservação e exposição. Fez parte do projeto expográfico e do projeto de conservação, restauração e digitalização do acervo de obras raras do Centro de Cultura dos Capuchinhos Menores.

Pesquisador Responsável:
Adilson Mendes

Historiador formado pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), com mestrado e doutorado em Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). Colaborou por anos na Cinemateca Brasileira, como pesquisador no Arquivo Paulo Emílio Sales Gomes. É autor de Trajetória de Paulo Emilio (2013), e realiza estudos sobre a história social do cinema. Atualmente, desenvolve pesquisa de pós-doutorado junto ao grupo Narrativas Tecnológicas, inscrito no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e ligado ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi.

Produtora Executiva:
Fabíola Aquino

Cineasta. Iniciou sua trajetória profissional em 1996, no projeto 3 Histórias da Bahia, marco da retomada do cinema baiano. Em 2012 dirigiu, produziu e roteirizou o documentário Água de Meninos – A Feira do Cinema Novo (52’). Concebeu, dirigiu e produziu festivais e mostras como Festival Nacional Curta Pensar Filmes, Sarau da Imprensa da ABI, Tuna na Praça – uma homenagem multimídia ao cineasta Tuna Espinheira. Dirigiu e produziu dois documentários sobre patrimônio cultural na cidade de Salvador: Samba Junino – de porta em porta (2019, 50’) e Festa de Iemanjá (2020, 42’). É produtora executiva no documentário Àkàrà No Fogo da Intolerância (2020, 72’), onde aprofunda o tema da intolerância religiosa.

Consultoria em tratamento da informação e base de dados:
Gabriela Sousa de Queiroz

Formada em História pela Universidade Estadual Paulista (UNESP); especialista em Arquivologia pela Universidade de São Paulo (USP); e em Gestão Cultural, pelo Centro Universitário SENAC. Desde 2004, tem atuado nas áreas de educação e de preservação de patrimônio histórico e cultural, nas esferas pública e privada. Por 17 anos, trabalhou na Cinemateca Brasileira, tendo coordenado o Centro de Documentação e Pesquisa da instituição, no período de 2013 a 2020. Participou na concepção e execução de projetos, de âmbito nacional e internacional, voltados à pesquisa, conservação e difusão de documentação relacionada ao campo do audiovisual.

Idealizadora do projeto:
Cyntia Nogueira

Professora do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), com mestrado em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutorado em Artes pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É co-fundadora e coordenadora pedagógica do Projeto de Pesquisa e Extensão Cineclube Mário Gusmão. Organizou a Caixa Anjo Negro: Cineclube Mário Gusmão 2010-2011 (2013) e o livro Walter da Silveira e o cinema moderno no Brasil: críticas, artigos, cartas, documentos (2020). Desenvolve pesquisas no campo da história, teoria e crítica do cinema no Brasil e na Bahia.

Pesquisador Assistente:
Mário Bezerra

Administrador formado pela Faculdade Visconde de Cairu, ator formado pelo Curso Livre de Teatro da UFBA e cantor. Trabalhou por 16 anos em empresa de consultoria, em cargo de gestão, executando projetos de obtenção de incentivos fiscais para empresas instaladas na área de atuação da SUDENE/SUDAM. No teatro, compõe o elenco da Cia Baiana de Patifaria desde 2014, tendo participado de espetáculos como Abafabanca, A Bofetada e Noviças Rebeldes. No audiovisual, atuou em séries como Sonhadores e Pequeno Gigante; em curtas-metragens como Neandertais, pelo qual ganhou o prêmio de melhor ator no Festival FECIBA em 2016; e em longas-metragens como Divaldo, O Mensageiro da Paz e O Amor dos Outros.

Diretor de Arte:
Ricardo Bertol

Design Gráfico com experiência em projetos criativos de arte, motion graphic, design, ilustração, animação e montagem para cinema, televisão e conteúdos para web. No cinema, produziu aberturas para os filmes: Terra do sol, Vermelho Rubro do Céu da Boca, E aí irmão?, Trampolim do Forte e Manhã Cinzenta. Durante sua passagem pela DIMAS (Diretoria de Audiovisual), atuou como editor e motion, criando as vinhetas para o Festival 5 Minutos, da FUNCEB. Viveu em África fazendo o programa semanal Angola em Movimento. Atuou também como gerente de Computação Gráfica da TVE. Entre seus trabalhos, participou da criação do videomapping em homenagem a Carybé, no Forte do Porto da Barra, e criou o design e abertura de Sonhadores, série de ficção disponível na Prime Vídeo da Amazon.

Para divulgação do acervo Walter da Silveira, este site utiliza o plugin TAINACAN desenvolvido pelo Laboratório de Inteligência de Redes da Universidade de Brasília, com apoio da Universidade Federal de Goiás, Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia e do Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM.