Acervo

As fotografias reunidas por Walter da Silveira ao longo de sua vida refletem o engajamento do crítico pelo cinema brasileiro.

O enfoque em filmes de corte realista e inventivos informa sobre seus interesses mais vivos. Merecem destaque as produções independentes realizadas na Bahia, em fotografias que mostram técnicos, diretores, atrizes e atores do chamado Ciclo Baiano (1959-1963).

Em seu conjunto, essas fotografias evidenciam a participação ativa de Walter da Silveira em um cinema realista e independente no Brasil na virada dos anos 1950 para os 1960. Para ele, o interesse pela crítica de cinema muitas vezes se transforma em estímulo incondicional, que implica no envolvimento total, como no caso de A grande feira [1961, dir. Roberto Pires], em que o crítico teve a experiência singular de atuar como intérprete de um simpático dono de bar, que é uma espécie de ágora em que se decidem os rumos da comunidade.

As imagens da coleção de Walter da Silveira também revelam sua participação em fóruns fundamentais para a vitalidade do cinema brasileiro moderno, em festivais nacionais e internacionais, onde o crítico exerceu influência autêntica no estabelecimento de cânones cinematográficos no país.

A correspondência de Walter da Silveira, escolhida para inaugurar este site dedicado à sua memória, apresenta a vasta e complexa rede estabelecida pelos interessados na renovação cinematográfica no Brasil a partir da década de 1950.

Personalidade central de uma rede de produtores, técnicos, realizadores, atrizes e atores, Walter da Silveira é, sem sombra de dúvida, o epicentro do cinema baiano, de onde se irradiam as coordenadas para ações estruturantes do nosso cinema nacional como linguagem e forças de criação, produção e distribuição.

O Clube de Cinema da Bahia, fundado em 27 de junho de 1950, estabelece conexões com manifestações cinematográficas de todo o país, relacionando a produção contemporânea e nosso passado histórico, cineclubes e cinematecas, festivais e universidades, profissionais e amadores.

A troca epistolar de Walter da Silveira permite um retrato consistente do campo do audiovisual, alcançando de instituições a personalidades periféricas e centrais da cultura cinematográfica brasileira, em especial os críticos Alex Viany e Paulo Emilio Sales Gomes, assim como o realizador Glauber Rocha, sempre reconhecedor de seu imenso valor.